quinta-feira, 6 de novembro de 2014

13º - Trufas

As coisas escritas ganham outro valor? Mais valor? Menos valor?
Não sei.
Acho que as coisas escritas ou faladas têm o mesmo valor.
Pelo menos para mim é assim e como sou eu que estou a escrever é isso que escrevo.
Quando me leio, não leio uma personagem de um romance qualquer, um romance barato, de ler e deitar fora.

É estranho...
Sinto que nós, já não somos nós.
Eu não quis como tu querias.
Tu não quiseste como eu queria.

Houve alturas que eu nem pude escolher se queria ou não, o que poderia ser, como poderia ser.
Não me foi dado a escolher.
Até foi (para ser justa), mas não tinha importância, pois se eu tivesse escolhido fazer parte, nunca teria sido a mesma coisa enebriante, luxuriante, viciante, de confissões, mentiras, fantochadas. (isto foi só um à parte)

Pelos vistos, queremos mas não nos queremos como somos.
Eu, por mais que ame, abomino as pessoas que viveram e vivem a ser só às vezes.
Acho que ser só às vezes é muito mau. Aborrecido. Entediante. Frustrante.
Ou pelo menos só conseguir demonstrar, às vezes.

É estranho...
Tive tanta raiva quando tive que ler coisas tuas (li porque quis, claro)
Que existiam na minha inexistência.

Triste.
Muito triste quando alguém se decepciona com alguém que ama.
Fiquei sem palavras, queria ligar-te, queria pedir-te explicações, chamar-te nomes, exigir desculpas, reclamar que apagasses tudo, que acabasses tudo.

Acho que terei feito tudo isso.
Só fui ouvida às vezes. (Não merecia.)

Como não personagem, mereço tudo e ainda mais, e é isso que reclamarei toda a vida que ainda passarmos juntos.
É isso que reclamarei não só de ti mas da vida.

E agora, estou eu a escrever.
A escrever, vê tu ( não estou a ouvir Radiohead, valha-me isso.Por acaso até podia estar a ouvir. Gosto de algumas músicas.)...e vou publicar este post.
Imagina no meu Blog.

E lendo-o, sei que eu sou eu, que sou sempre eu.
Não sou uma personagem.
Não sou apenas mais uma personagem de um romance.

Mas...
Quem somos nós, afinal?
Quem és tu?