Acabei.
Sim,acabei de ler Anna
Karenina de Lev Tolstoi.
Gostei, sim.
É mais um livro fantástico mas que (e penso
que não terei sido só eu) deixa o leitor, como que, agoniado com tudo o que
acaba por acontecer. O que é o desespero da vida de cada uma das personagens.
Tornam-se nossas amigas.
Digo-te que tendencialmente, quem muito lê, inevitavelmente põe para
trás certas coisas da vida, do género preocupações, afazeres,
responsabilidades, pelo menos é o que eu sinto.
E como nunca fui grande leitora,
sinto essa diferença em mim.E talvez te compreenda melhor.
Também te digo, que, são
estranhas as descrições que o Grande Tolstoi faz dos pensamentos de Anna. Como
é que ele conseguiu escrever aquilo se não é mulher? E a cabeça de algumas
mulheres relativamente ao que sentem, é assim como ele descreve.Mesmo!
Os homens podem até pensar
e dizer que as mulheres (…esse bicho estranho!!) dizem muita coisa mas é que,
na verdade elas deixam sempre tanto por dizer...
Desgastante.
…as mulheres que amam como
Anna, sentem também que o amor do homem, o tal, o que não está nos livros, tem
que ser em tudo o excesso. Sem desculpas. Sem atrasos.
Sem…sens!
Quando se acaba de ler um
livro, a pessoa sente-se bastante preenchida, tipo, plena de satisfação (se a
leitura tiver corrido prazerosamente), mas...
…por outro lado fica um vazio...
…e uma vontade insaciável de preencher aquele
espaço que está vazio.
Não é?
Mas eu também tenho a certeza que isso acontece
nas pessoas (e eu falo sempre por mim) relativamente aos episódios que vivem na
vida. As pessoas lembram-se do que foi não por maldade ou por gostarem mais ou
menos, lembram-se simplesmente porque aconteceu.
Se querem esquecer, então essas coisas têm que
deixar de existir pois caso contrário, mesmo com muito boa vontade, é
impossível.
Mais ainda mais… se essa pessoa for do sexo
feminino, esquece lá isso então, pois o caso complicar-se-á(dúvida na palavra!), certamente!
Eu gosto, sempre fiz e
faço questão de te dizer o que penso.
Gostes mais ou...menos
.
Entre tudo o que aconteceu
na nossa passagem de vida conjunta, sim, as coisas boas, foram muitas e
intensas mas, também, quer tu quer eu, tivemos momentos de infelicidade
explícita.
De solidão.
De insatisfação.
De incompreensão.
Tu, refugiavas-te nos livros, no tempo que
passavas a escrever e noutras coisas de maior ou menor importância.
Eu, sempre limitada à vida terrena, por opção ou
limitação, ou sei lá.
Por outro lado, eu terráquea e tu nem tanto.
Eu com a certeza do meu positivismo sincero de
vida, esperava coisas.
Que reacordasses para a vida.
Para mim.
Na plenitude que já sentira em tempos.
Por outro lado muito errada de certeza, pois...a
imagem passa errada...eu não sou só forte, eu também...sou...fraca!
No meio de toda a minha
organização de vida, vivia para os meus filhos, pequenos na altura, para ti e sim,
também para mim. Quando vivia para mim, muitas vezes era com raiva, pois tu não
estavas presente porque simplesmente não estavas disponível ou atento.
Certo certo certo é que
quem estava comigo não esperava que eu esperasse que alguém me fizesse as coisas.
Eu também não esperava por
ninguém, porque não gosto de esperar e nunca me habituei a isso.
Por norma tudo estava
sempre despachado, todos os afazeres que se deviam dividir. Por dois.
Eu, despachada por norma
fazia-os por mim, por ti e pelos outros.
Agora sinto que tendo os meus filhos esta idade, devia ser aquele exemplo incansável de quem
tem tudo organizado, de quem faz tudo a tempo e horas.
Isso não acontece.
E tenho pena.
Por outro lado eu queria ser quem sou
hoje (vá lá vá lá, mudava alguns pormenores)porque efectivamente, gosto de mim.
Queria era que os dias se calhar tivessem 48 horas para que
nada ficasse para trás.
Mas os dias não têm, nunca tiveram nem nunca terão 48
horas!!!
Somos nós, pessoas, que fazemos a seleção do que é mais
importante.
E eu gostava de ter sido SEEEMMMPRE essa escolha.
Mas tenho consciência de que não fui, nem nunca serei. Como
eu sinto que a perfeição exigia. Up’s, não querendo desculpar ninguém…somos
humanos!!!
Temos pena…talvez noutra vida!
Agora chegou a minha vez de fazer a tal escolha...e vou!
(Texto pouco revisto pela autora. Sim sou mulher!)